Pesquisadores do Instituto Butantan e do Boston Children’s Hospital, da Universidade Harvard (Estados Unidos), estão trabalhando juntos nos testes em humanos de uma nova vacina contra pneumonia. A vacina é mais barata e abrangente que as versões atualmente usadas no Brasil.

Até o momento acredita-se que o imunizante é capaz de proteger contra todos os sorotipos da bactéria Streptococcus pneumoniae, que é a causadora da doença.

O trabalho inicial teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fapesp.

Foram mais de dez anos de pesquisa até chegar a essa vacina celular. A pesquisa optou por usar uma estratégica diferente para ativar a resposta autoimune da vacina, usando como alvo proteínas comuns a todas os sorotipos do microrganismo, ao invés de usar os polissacarídeos presentes na cápsula bacteriana, como fazem as vacinas hoje disponíveis.

De acordo com estimativas, existem em todo o mundo mais de 90 sorotipos de Streptococcus pneumoniae que, além de pneumonia, causam doenças como meningite, otite e sinusite.

Os sorotipos são definidos com base na combinação de polissacarídeos presentes na cápsula que recobre o microrganismo. Nas vacinas convencionais, essa combinação de moléculas vai determinar o antígeno que, quando introduzido no organismo, induz a formação de anticorpos.

Já o produto desenvolvido no Butantan é capaz de ativar a resposta imune independentemente do sorotipo da bactéria.

Versões da Vacina

As vacinas pneumocócicas conjugadas disponíveis hoje protegem contra 10 a 13 sorotipos da bactéria. Uma versão não conjugada compreende 23 sorotipos, mas não é eficaz em crianças, sendo usada mais em adultos.

Embora seja difícil definir valores antes que o imunizante seja aprovado e comece a ser produzido, estima-se algo próximo a US$ 2 (dois dólares. O equivalente a R$ 8, 60)). Atualmente, a vacina polissacarídica, a 13-valente, custa US$ 60 (aproximadamente  R$ 258,00) na rede privada e US$ 15 (o equivalente a R$ 64,50) no Sistema Único de Saúde. Além disso a vacina anterior demora dois anos para ser produzida e a nova pode ser produzida em até dois meses.

A primeira fase da pesquisa, que apura a análise de segurança e a toxidade, já foi concluída. A segunda fase, que é a análise de imunogenicidade, vai ser repetidas nos Estados Unidos.  É nessa etapa que se compara o tipo de resposta imune induzida em populações de diferentes países.

A terceira fase dos testes clínicos, ainda sem previsão para começar, envolve um número maior de pessoas e testa efetivamente a eficácia da vacina por meio da comparação entre uma população imunizada e outra que recebeu apenas placebo.

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