Morar no último andar de um prédio garante uma bela vista.
Por outro lado, implica longas viagens de elevador ou de escada.
Em outras palavras, dependendo de como se encara a situação, a cobertura vira um sonho ou um aborrecimento.
"Com o estresse, ocorre algo semelhante: o fato em si importa menos do que a maneira como é assimilado", avalia a psicóloga Valquíria Trícoli, vice-presidente da Associação Brasileira de Stress.
A confusão, entretanto, começa na hora de decidir o que fazer para lidar com o nervosismo.
Certas práticas que aparentemente esfriam a cabeça podem, na verdade, acabar esquentando os ânimos.
"Estamos mais preparados para gerenciar o estresse.
Só que, por falta de informação, as pessoas cometem erros que as prejudicam ainda mais", reforça o psicólogo Esdras Vasconcellos, da Universidade de São Paulo.
Chega o momento de introduzir as atitudes que causam uma tempestade na massa cinzenta e as correções que asseguram a bonança cerebral.
Vamos aos mitos.
1 – NÃO SE PROGRAME
A língua portuguesa é ambígua em alguns casos.
No dicionário Houaiss, por exemplo, a palavra relaxado caracteriza tanto os indivíduos descontraídos como aqueles negligentes.
E até por causa desse encontro de significados muita gente crê piamente que a displicência é sinônimo de calmaria.
Todavia, isso não poderia estar mais longe da realidade.
"Priorizar certos assuntos, organizar-se e manter uma agenda dos eventos são passos importantes para manter a serenidade", revela Ana Maria Rossi, psicóloga da Clínica de Stress e Biofeedback, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Afinal, aí estão enumerados jeitos simples de se preparar para enfrentar o que vem ao longo do dia e, então, evitar surpresas desagradáveis ou instantes embaraçosos, dois fatores capazes de alavancar os níveis de adrenalina no organismo.
Mas que fique claro: a disciplina precisa ser acompanhada de flexibilidade.
"Ficar engessado também atrapalha, porque qualquer imprevisto pode desencadear nervosismo", esclarece Ana Maria.
2 – MEDITE!
A tal arte milenar oriental, assim como a ioga ou até o tai chi chuan, é preconizada como um dos alívios mais eficazes para a tensão excessiva.
Ela realmente tem seu valor, porém somente para quem a aprecia.
Forçar alguém reconhecidamente elétrico a ficar imóvel enquanto se concentra em seu próprio corpo, além de não adiantar nada, contribui para o surgimento de uma sensação precursora do estresse: a ansiedade.
"Determinados pacientes relaxam mais com exercícios físicos, outros com a leitura, e há quem aposte nas músicas", elenca a psicóloga Selma Bordin, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
A regra, portanto, é investir no que você gosta.
Mas para toda norma há uma exceção.
"Um jogo de cartas, se ficar muito competitivo, torna-se igualmente estressante", exemplifica Esdras Vasconcellos.
"É importante valorizar a diversão nesses momentos em vez de se concentrar somente na vitória ou na derrota", acrescenta.
Fonte:Abril.
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