Em artigo, jornalista Rogaciano Medeiros fala sobre a greve da Polícia Militar no estado de Pernambuco.
As tristes e lamentáveis cenas da greve dos policiais e bombeiros militares em Pernambuco, bem piores do que as registradas na Bahia, em abril passado, resultantes do mesmo movimento grevista, servem para tirar qualquer dúvida. A sociedade não pode pagar tão caro, em muitos casos até com a própria vida, pelas consequências produzidas por um segmento social, por mais justa que seja essa luta.
Além da multiplicação assustadora dos assaltos e assassinatos, as imagens mostradas pelas TVs em Recife e Região Metropolitana remetem à barbárie. O que se viu e mais chocou a nação foram saques e roubos promovidos pelo povo. Eram homens, mulheres, crianças e até idosos roubando tudo que podia levar. A população parecia compelida a transgredir. Em pouco tempo, cidadãos de bem se tornaram criminosos.
Em um país onde, apesar dos avanços registrados nos últimos anos, continua a predominar a impunidade e, pelo menos para as classes privilegiadas o crime tem compensado, as camadas mais pobres vêem, na suspensão do policiamento ostensivo, a oportunidade de vingança.
Uma vingança de classe. É quando o oprimido tem a chance de descontar no opressor, tudo que tem sofrido ao longo da história. E aí mora o perigo. Salvo em processo revolucionário, esse tipo de descontrole representa quebra da ordem, estabelece a anarquia social, incentiva a criminalidade e estimula o crime. Expõe o conjunto da sociedade à selvageria.
A maior e principal garantia assegurada ao cidadão pela Constituição nacional é o direito à vida. E no capitalismo, onde prevalece a propriedade privada, não dá para passar nem um dia sequer sem que o aparelho repressivo do Estado esteja ativo e atento. Infelizmente.
É preciso, urgentemente, encontrar mecanismos para salvaguardar os direitos dos policiais militares enquanto trabalhadores. Mas, não se pode mais tolerar qualquer movimento que interrompa o policiamento ostensivo. Prejudica a sociedade de forma vital. Greve na segurança pública não dá.
·Rogaciano Medeiros é jornalista