Quase 6 meses após o alarme provocado pela disseminação do coronavírus no Brasil, muita gente no país insiste em apostar suas fichas no “Novo normal”. O conceito otimista caído no gosto de estudiosos de áreas diversas, para projetar uma ordem social mais solidária, afetiva e menos individualista. – Bem! Essa espécie de lição humanitária a ser tirada da pandemia, não deu as caras no Brasil real ainda.
A escalada fúnebre do número de mortos pela Covid-19 no país, é uma tragédia sob qualquer parâmetro racional. Entretanto, as mais de 100.00 mortes decorrentes da praga viral em nosso território, já não comovem boa parte da população. Pesa e muito para esse desdém, a conduta do presidente da república, que desde o inicio da crise sanitária em curso, se nega a conduzir devidamente o enfrentamento ao flagelo como um verdadeiro líder máximo da nação.
Paradoxalmente, a sabotagem operada pelo inquilino do Palácio da Alvorada, ao longo desse desafio histórico para nosso sistema de saúde, tem sido premiada com o aumento dos seus índices de popularidade. O ecossistema de comunicação a serviço da narrativa presidencial, conseguiu disseminar a desinformação necessária para isentá-lo , perante uma parcela cada vez maior da opinião pública, das responsabilidades inerentes ao cargo nesta conjuntura.
O “Novo normal” do governo brasileiro, por enquanto, é surfar cinicamente no efeito positivo do Auxílio Emergencial de R$ 600, na vida de mais ou menos 65 milhões de brasileiros (as). É como se toda a população da Itália e da Noruega estivessem recebendo a renda providencial. Detalhe: A proposta inicial do governo era R$ 200. A oposição se articulou no Congresso e garantiu um valor 3 vezes maior. Mas, a maioria dos beneficiários atribui o mérito a quem cacarejou e não a quem pôs o ovo.
Neste contexto, para infelicidade dos “novonormalistas” , tudo que poderia esperar um pouco mais, tem voltado ao normal de sempre , antes da chegada do novo . O futebol voltou sem torcida na arquibancada, mas com muito risco aos profissionais envolvidos no espetáculo da bola. Inauguração de lojas despertando a sanha consumista de antes , a ignorar o risco de aglomerações na busca de uma promoção. E por aí vai. Tudo isso no Brasil conduzido por quem sempre teve a certeza de que era só uma questão de tempo, o engrossamento das fileiras da indiferença, diante da tragédia ainda em andamento no Brasil.