Quando um médico prescreve meias elásticas contra varizes, problema comum de circulação, muitas mulheres já entortam o nariz.
A ideia de usar meias apertadas o dia todo nem sempre agrada, especialmente no calor de um país tropical.
Pior ainda quando a paciente se dispõe a usar a tal meia e as varizes não param de avançar.
As meias compressoras têm má fama e isso acontece porque muitos conceitos errados estão associados a elas.
Ao menos essa é a opinião do angiologista Marcondes Figueiredo, coordenador da diretriz de compressão elástica da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
“É preciso esclarecer algumas coisas”, alerta.
A primeira delas é que meias elásticas não impedem o avanço das varizes.
“Elas servem para combater os sintomas.
São como óculos, eles não deixam a pessoa menos míope, apenas corrigem a visão”, explica.
A compressão das meias reduz o inchaço das varizes, que costuma incomodar especialmente no final do dia.
Assim, o risco de edemas é menor e a mulher também fica livre daquela sensação de cansaço e peso nas pernas.
Esse resultado é obtido com uma compressão de intensidades diferentes ao longo da meia, sendo mais intensa nos pés e menor na perna.
Isso favorece o retorno do sangue venoso e evita acúmulo nas veias.
Só até o joelho
Nem toda meia compressora precisa ser como a meia calça, da cintura aos pés.
“A maioria das prescrições é para usar meias três quartos”, afirma o médico.
Isso porque a maioria das varizes se concentra abaixo dos joelhos.
Se a mulher residir em cidades muito quentes, como as do nordeste brasileiro, o uso da meia não precisa ser feito o dia todo.
“Não dá para esperar que a mulher aguente ficar com essas meias sob o calor de 40 graus”, comenta o médico.
O uso apenas no período da manhã já ajuda no controle dos sintomas.
Quem não pode
Existem basicamente duas situações nas quais as meias elásticas devem ser evitadas.
A primeira é quando as varizes se tornaram graves o suficiente para abrir feridas na perna.
Essas feridas requerem um tratamento anterior ao uso das meias, pois elas podem piorar se forem comprimidas.
O segundo caso acontece quando há entupimento das artérias, a chamada aterosclerose.
O problema consiste na formação de placas dentro dos vasos sanguíneos, que têm seu diâmetro reduzido.
“Neste caso, a compressão das meias vai reduzir ainda mais as artérias e prejudicar o problema”, ressalta o especialista.
Veias dilatadas
As varizes, diferente da aterosclerose, atacam as veias e não as artérias.
Artérias levam o sangue com oxigênio para as extremidades do corpo.
Depois disso, o sangue usa as veias para retornar das extremidades e se abastecer com oxigênio novamente.
Mas no percurso, no retorno venoso, o sangue pode se deparar com dilatações e formar as varizes.
A formação delas pode estar ligada a diversos fatores, como excesso de peso, gravidez, idade avançada e postura inadequada no trabalho.
“A incidência é maior em mulheres”, aponta Figueiredo.
A relação é de um homem com varizes para quatro mulheres.
Mitos
Calça justa, salto alto, meias apertadas, viagens longas, postura errada no trabalho, existe uma série de mitos e verdades mal compreendidas sobre varizes.
Entre os principais, mais questionados nos consultórios médicos, está o uso da pílula.
Especialistas esclarecem que o uso contínuo e prolongado de anticoncepcionais pode provocar retenção de líquidos e dilatação nas veias.
Veja outros mitos aqui.
Tratamentos
Quando as varizes ainda são pequenas, com vasos de poucos milímetros, o prejuízo é apenas estético.
Como não existem sintomas, é inútil usar meias elásticas.
Um dos possíveis tratamentos é com escleroterapia.
O médico destrói as microvarizes com injeções no local, sem que haja prejuízo para a circulação.
“É comum dizer que as varizes voltam, mas não é isso que acontece.
Outras varizes aparecem com o tempo, mas aquelas foram totalmente destruídas”, esclarece Figueiredo.
A solução pode ser refazer o tratamento a cada dois anos, quando novas veias começarem a aparecer.
Em vasos maiores, é necessário cirurgia.
O procedimento é simples e pode ser feito, em alguns casos, com anestesia local.
Ele consiste na eliminação dos vasos doentes para evitar o avanço do problema, que pode provocar até úlceras nas pernas.