Depois do “sim” no altar e da lua-de-mel entram em cena os sabotadores.
As diferenças de temperamentos, as contas no fim do mês e as divisões de tarefas domésticas tendem a desandar o tempero do casamento.
Mas como evitar que tudo fique salgado ou amargo demais? Com ciência.
Pelo menos, é o que promete o livro “Felizes Para Sempre – A Ciência Para Um Casamento Perfeito!”, lançado no final de 2010 no Brasil pela editora Universo dos Livros e que ainda figura nas prateleiras de destaque das livrarias.
Nele, a autora Tara Parker-Pope, jornalista especializada em bem-estar e dona de uma das colunas mais populares do New York Times, apresenta as mais novas conclusões da psicologia, neurociência e biologia sobre relacionamentos.
Polêmica, a obra mostra, por exemplo, que brigas e sexo sem vontade podem sim fazer bem para o casamento.
Brigar é bom, mas tem que brigar direito
Um das questões mais surpreendentes da obra é a desmistificação do senso comum de que as brigas são sempre ruins para o casal.
Pelo contrário, os pesquisadores de relacionamentos da universidade americana de Berkeley, Philip e Carolyn Cowan, defendem no livro a ideia oposta: os conflitos devem ser mais tolerados nas relações e até é preciso separar algum tempo para discordar do outro.
Essa informação surpreendeu a autora.
“Passei meu casamento inteiro tentando evitar o conflito”, confessou Tara, divorciada.
Os pesquisadores não defendem que os casais vivam em pé de guerra, mas que utilizem o conflito para desfazer os problemas que, se não forem resolvidos, certamente voltarão em médio ou longo prazo.
“Quando eu discuto algo que não vai bem, eu informo ao outro sobre o que está me incomodando, podendo assim buscar um solução em conjunto”, afirma a psicóloga Margarete Volpi, que escreveu o prefácio da edição brasileira do livro e também estuda relacionamentos.
Mas isso não quer dizer que o bate boca indiscriminado está liberado.
Há regras a seguir para se ter uma “boa” briga.
A primeira coisa que os pesquisados recomendam é evitar o tom acusador das críticas, prefira reivindicar as questões sem agressividade.
Nada de cruzar os braços ou revirar os olhos quando o parceiro estiver falando, isso vai indicar desprezo para o outro.
Por fim, é importante diminuir a intensidade da discussão caso as coisas caminhem para a emoção exacerbada.
Nesse caso, uma pausa é importante para acalmar os ânimos – dê uma volta no quarteirão, por exemplo.
Depois retome.
Faça sexo, mesmo sem vontade
Quando o clima está tenso entre o casal, a vida sexual é geralmente uma das primeiras coisas a ser afetada.
Mas não é isso que devia acontecer na opinião dos cientistas.
Na verdade, eles recomendam que os cônjuges façam sexo mesmo sem estar com vontade.
A explicação é que essa relação desencadeia no cérebro a liberação de hormônios vasopressina e ocitocina, que fortalecem os vínculos entre as pessoas.
“Infelizmente, por uma questão cultural, o sexo funciona como uma “moeda de troca” entre os casais.
Quando um dos dois está insatisfeito, sinaliza seu desconforto parando de fazer sexo.
Mas não devia acontecer dessa forma, porque o sexo ajuda a aliviar a tensão”, explica Margarete.
Mesmo com ideia dos especialistas de que o sexo é capaz resolver questões que uma conversa não pode, é preciso entender que ele não faz milagres.
“Conflitos que aparecem devem ser conversados e resolvidos devidamente, e não colocados embaixo do tapete só porque o casal teve um sexo delicioso”, pondera Mariana Vasconcellos, psicóloga e terapeuta de casais.
Matemática do casamento
No livro, os cientistas contam ainda que o casamento possui uma curiosa matemática, que apresenta a seguinte conta: quando um parceiro comete um erro, o outro cônjuge só vai perdoá-lo quando receber, em média, cinco ações positivas – seja do marido ou da mulher.
Então, se você, por exemplo, esqueceu uma data importante para o casal, vai ter que fazer muito mais do que comprar um buquê de flores para resolver o problema.
“Quando acontece um erro, o parceiro precisa se esmerar para repará-lo.
Além de pedir desculpas, é sempre bom acrescentar mais alguma coisa, como um beijo bem romântico, um abraço mais demorado de corpo inteiro ou uma flor”, opina Mariana.
Há muitas outras teorias reunidas por Tara no livro.
Ela também disponibiliza uma série de testes usados em estudos científicos que permitem ao leitor avaliar a saúde do casamento.
Mas o traço mais interessante da obra é mesmo a ideia de que os casamentos só são saudáveis quando os casais estão prestando atenção no que está acontecendo na relação, sem fingimentos.
* Fonte: iG Saúde