A polícia Federal intimou doze empresas a prestarem esclarecimentos sobre depósitos efetuados em empresas de fachada utilizadas pelo doleiro Alberto Youssef para lavagem de dinheiro de desvios da Petrobras. De acordo com O Globo, somadas, essas empresas depositaram R$ 33,5 milhões nas contas de quatro empresas que, segundo o doleiro, eram usadas apenas para emissão de notas frias que justificassem o repasse para os partidos políticos – PT, PMDB e PP.
Ainda de acordo com o O Globo, entre as intimadas estão algumas das maiores empreiteiras do país e fornecedoras da estatal, como o Consórcio Mendes Junior/MPE; o consórcio Rnest, capitaneado pela Engevix; duas empresas do grupo OAS, a Galvão Engenharia, o consórcio Sehab e a Coesa Engenharia. Também fazem parte da lista as empresas Treviso, Piemonte e Jaraguá Equipamentos Industriais, cujos nomes também aparecem na lista de depositantes.
Investigações
As investigações apontam que a GFD Investimentos recebeu R$ 18,5 milhões das empresas Piemonte Empreendimentos, que percente a um dos sócios do grupo MPE, (R$ 8,5 milhões), Treviso Empreendimentos (R$ 4,4 milhões), R$ 5,5 milhões do consórcio Mendes Junior/MPE e da Mendes Jr Trading. A MO Consultoria foi a destinatária do restante, com depósitos da Investminas Participações (R$ 4,3 milhões), Consórcio Rnest (R$ 3,260 milhões), Jaraguá Equipamentos (R$ 1,941 milhão), Galvão Engenharia (R$ 1,530 milhão), Construtora OAS (R$ 619,4 mil), OAS Engenharia e Participações (R$ 563 mil), Coesa Engenharia (R$ 435 mil) e Consórcio Sehab (R$ 431 mil).
Todas as empresas deverão anexar a documentação referente aos pagamentos. Para a Justiça Federal, elas terão oportunidade de esclarecer se os pagamentos tiveram "causa lícita" e, inclusive, colaborar com as investigações, uma vez que várias já manifestaram intenção de prestar informações sobre o esquema de desvio de recursos de obras da Petrobras.
Acusadas de formação de cartel pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro, as fornecedoras da Petrobras deverão também ser alvo de investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a exemplo das fornecedoras do Metrô, que foram acusadas pela alemã Siemens de atuar em cartel.
O Cade informou ao GLOBO na segunda-feira (13) que a Procuradoria Geral do órgão já pediu acesso aos depoimentos e documentos relativos a indícios de cartel e que a abertura da investigação deverá ser feita pela Superintendência Geral do Cade. O compartilhamento de provas, que estão dispersos em vários processos abertos em decorrência da Operação Lava Jato, deverá seguir trâmite específico. Na Justiça, as empresas terão de se manifestar em processos criminais abertos para investigar evasão de divisas e lavagem de dinheiro. No Cade, o processo é administrativo para apurar se as empresas cometeram infração à ordem econômica. Com informações O Globo.