Eleito em primeiro de fevereiro para presidente do Senado, Renan Calheiros não mencionou em seu discurso inicial as denúncias de corrupção feitas contra ele pela Procuradoria-geral da República, que vieram a público no mesmo dia da vitória. Se condenado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso, o pemedebista pode pegar até 23 anos de cadeia e pagar multa aos cofres públicos.
Nem o prestigioso cargo nem as denúncias de corrupção, entretanto, são novidades no currículo do senador, reeleito para este terceiro mandato no Senado em 2010. O alagoano esteve no comando da Casa de 2005 a 2007, até que uma série de denúncias de corrupção, caso que ficou conhecido como Renangate, fez com que ele renunciasse ao cargo. Com a saída da presidência, o parlamentar evitou uma possível cassação do mandato de senador, o que impediria uma reeleição para o mandato atual.
O fato de Renan ter sido eleito presidente com 56 contra 18 votos secretos às vésperas do maior feriado nacional e sem que ninguém soubesse com antecedência da denúncia causou ainda mais indignação entre os brasileiros, que rapidamente se mobilizaram pela saída do senador. Em ritmo de carnaval, os foliões pegaram carona até na renúncia do Papa Bento XVI ao comando da Igreja Católica para agitar os protestos, sugerindo que Sua Excelência siga os passos magnânimos de Sua Santidade e renuncie ao Senado pelo bem do país.