O empresário Fernando Antonio Falcão Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, que recentemente foi apontado como operador do PMDB no esquema de cartel, corrupção e propina na Petrobrás, afirmou à Polícia Federal durante depoimento nesta sexta-feira, 21, que intermediou dois projetos de construção de sondas de perfuração na área da diretoria Internacional e pelos quais receberia US$ 20 milhões, via empresário Julio Gerin Camargo, da empreiteira Toyo Setal, de acordo com informações publicadas pelo Estadão. Baiano afirmou, porém, que levou um calote. Camargo por sua vez, que fez acordo de delação premiada na Operação Lava Jato e também depôs na sexta, negou a versão de Baiano e afirmou que ele foi pago junto com o doleiro Alberto Youssef. Segundo ele, foram US$ 40 milhões em propinas.
Ainda sde acordo com a publicação, a PF suspeita que o reduto de ação de Fernando Baiano na Petrobrás era a diretoria Internacional, que foi comandada por Nestor Cerveró, personagem emblemático da compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA, indicado pelo PMDB ao cargo. Baiano dissenesta sexta que suas comissões eram legítimas e negou ser “operador de qualquer partido”.
Em seu acordo de delação, o executivo da Toyo Setal, porém, relatou que, diante do conhecido “bom relacionamento” de Baiano junto à área Internacional da Petrobrás, ele o procurou e “propôs ao mesmo uma parceria para o desenvolvimento” de um projeto de perfuração de águas profundas, em 2005. O papel de Baiano seria a análise sobre a viabilidade técnica e econômica da contratação pela Petrobrás. Segundo Camargo afirmou no depoimento, ele utilizou a Piemonte Empreendimentos, de sua propriedade, e foi indicado por Baiano.
De acordo com a publicação, para reduzir a pena e não ser preso, Camargo decidiu contar o que sabia. Ele afirmou que “antes de ser finalizada a negociação comercial, Baiano reuniu-se com o declarante e disse que ‘precisaria estabelecer os valores’”. O delator disse ter usado três empresas suas para pagar Baiano via Youssef.
Já em seu depoimento à PF, o empresário declarou ter intermediado doação partidária a pedido do doleiro. “Youssef disse que mantinha bons contatos com a Andrade Gutierrez e que a mesma possuía contratos com a Petrobrás, pedindo que fossem feitas gestões junto à mesma para que realizassem doações”, declarou Baiano, que foi ouvido pelos delegados da Lava Jato, em Curitiba.
Justiça determina prisão preventiva de lobista Fernando Baiano
Nesta sexta, o juiz federal Sérgio Moro decidiu manter preso o operador, sustentando que há elementos para apontar “propina para Fernando Baiano”. Além das provas e depoimentos, o juiz considerou “os valores milionários em contas de empresas controladas por Fernando Soares” como “prova suficiente de materialidade e de autoria” para decretar a preventiva do lobista. Ele ainda transcreveu depoimento dos delatores do grupo Toyo/Setal para comprovar o esquema de propina nos projetos da sonda de perfuração.
Fernando Baiano, em mais de três horas de depoimento, negou ter pago propina ou ser operador do PMDB. Admitiu que mantém duas contas no paraíso fiscal de Linchenstein, uma em seu nome e outra em nome de sua empresa, Tecnhis Engenharia e Consultoria, ambas as contas “declaradas”.