Quem acompanha a minha saga na Nova Zelândia (se não me segue ainda, acessa lá no insta @milanemaria), sabe que costumo contar as maravilhas que esse país proporciona: segurança, qualidade de vida, poder de compra e paisagens de tirar o fôlego. Mas não sei se já contei para vocês que essa pequena ilha no meio do Pacífico é um “caldeirão” prestes a explodir. Terremotos, vulcões ativos, caminhar na praia e se deparar com placas de aviso de tsunami. Tenso, né? Sim, bem tenso!

Confesso que fico em alerta 24 horas, principalmente, depois que passei pelo primeiro susto e estive no epicentro de um terremoto. Um sábado à noite, deitada na cama, assistindo um filme “de boas”, o chão começou a tremer, sirenes começaram a tocar e o desespero começou a bater. Era um terremoto 6.1 na Escala Richter, ninguém se abalou, tudo seguiu normal, mas para mim… foram dois dias sem conseguir dormir direito. Não houve vítimas, foi algo normal, mas, a partir desse dia, o sonho de imigrar aqui morreu completamente.

A Nova Zelândia registra 14 mil terremotos por ano, em média 150 têm potência suficiente para serem notados. O motivo? O país esta sobre uma falha entre as placas tectônicas do Pacífico e da Oceania fazendo parte do chamado Círculo de Fogo, uma região que, de acordo com a National Geographic, concentra 90% dos terremotos do planeta. IMAGINEM! Um dos sismos mais recentes e devastadores no país ocorreu em 2010, na cidade de Christchurch e matou 185 pessoas.

Para acalmar um pouco vocês, conto que a partir desse fato o governo da Nova Zelândia mudou diversos protocolos, sendo um deles, o da estrutura de prédios e imóveis. Além disso, o sistema da Defesa Civil do país funciona muito bem, já recebi alguns SMS informando sobre atividades fora do comum, inclusive recebi no dia fatídico. Estar atento ao celular aqui, é mais que imprescindível, pode custar a vida.

Andar nas cidades costeiras é se deparar com diversas placas sinalizando que tsunamis podem ocorrer, como também placas de rotas de fuga. Nessas cidades acontecem até simulação e é recomendado ter uma bolsa de sobrevivência pronta. Mas, se tudo isso já não bastasse, conto mais, aqui está localizado um dos maiores buracos na camada de ozônio, o que faz com que o país tenha um dos maiores índices de câncer de pele no mundo. Protetor solar aqui é item obrigatório e muito barato, também pudera, né?

Para completar o conjunto de “problemas” estão os vulcões, o país tem muitos vulcões ativos e parque com atividades geotermais (buracos com água fervendo, com lavas aparentes e até cachoeiras de água quente), muitos desses locais acabaram virando atrações turísticas. Como prevenção, a maioria são monitorados, já estive em alguns inclusive, tudo é bem sinalizado, mas não impede de você estar de forma inesperada uma catástrofe.

No fim do ano passado, em uma pequena ilha chamada White Island, um vulcão adormecido que era a principal atração turística, infelizmente, entrou em erupção e não foi notado pelo radar; seis pessoas morreram e 28 ficaram feridas. O resgate chegou imediatamente, mas mesmo sendo monitorado, não foi possível prevê-lo, a máxima “não tem como controlar a natureza”, prevaleceu.

Pois bem amigos, motivos não faltam para ter medo por aqui, né? Mas viver aqui me faz lembrar o quanto, no Brasil, somos privilegiados por não estar propícios (por questões científicas comprovadas, embora haja registro de alguns sismos) a sofrer catástrofes ambientais, como furacões, tsunamis, terremotos. Por outro lado, é triste perceber que todas as que ocorreram até hoje foram ocasionadas pela irresponsabilidade de pessoas que fizeram “vista grossa” para laudos técnicos. Como não lembrar do rompimento das barragens de Brumadinho e Mariana ou do vazamento de óleos em rios e baías importantes como na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 2000?

Escrevendo esse texto começo a compreender e lembrar como amava morar no Brasil e a segurança que sentia nesse quesito. Então, queria saber de vocês, tenho sido muito corajosa de continuar por aqui? E você? Encararia morar aqui depois de saber disso tudo? Conseguiria dormir à noite tranquilamente? Me conta aí…

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