O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou neste sábado (30) uma resolução política que ressalta dificuldades enfrentadas pelos partidos de oposição no Brasil.
Segundo a legenda, os oponentes estariam em “profunda crise de identidade”.
O documento cita a criação de uma nova sigla, o PSD, e o esvaziamento do DEM.
A legenda atribui os problemas enfrentados pelos oponentes a "sequelas" da derrota nas eleições presidenciais de 2010.
“Envoltos numa guerra de cúpula pelo comando do partido e às voltas com a debandada de seis vereadores paulistanos, os tucanos debatem-se à procura de um rumo para a oposição.
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) A dispersão, a tática confusa, a fragilidade aparente dos oponentes não nos deve levar a subestimá-los”, afirma o partido no documento.
Em nota, o PSDB informou que "nos próximos dias" vai discutir "ponto a ponto" a resolução divulgada pelo diretório do PT.
"É saudável e útil que partidos políticos discutam temas nacionais.
O que espanta é que tantos compromissos e tantas ideias como as divulgadas hoje [neste sábado] não são capazes de desmontar o óbvio: o movimento para recuperar Delúbio Soares enquanto o STF [Supremo Tribunal Federal] examina processo em que são identificados diversos crimes, inclusive o de formação de quadrilha", afirmou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), disse que não poderia falar porque estava dentro de um avião.
O G1 ligou para a assessoria do partido e aguarda resposta.
''A oposição parece ter perdido a sua perspectiva de projeto, muito devido à falência de algumas das ideias que defendiam e que entraram em crise no plano internacional, ideias conservadoras, neoliberais"
Trecho da resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT neste sábado''
Eleito na sexta-Feiira (29), o novo presidente do PT, Rui Falcão, avalia que a oposição dá sinais de grande fragmentação.
“A oposição parece ter perdido a sua perspectiva de projeto, muito devido à falência de algumas das ideias que defendiam e que entraram em crise no plano internacional, ideias conservadoras, neoliberais”, disse Falcão.
Na resolução, a cúpula petista também faz avaliação positiva do cenário no início do governo da presidente Dilma Rousseff.
Os petistas ressaltam a aprovação popular à atual gestão e elogiam a política adotada pela presidente para o controle da inflação sem comprometer políticas sociais.
“O combate à inflação não se resume à flexibilidade da taxa de juros, mas é acompanhado também de restrições ao crédito, de elevação do imposto sobre operações financeiras, do aumento do depósito compulsório dos bancos.
Tudo isso se faz sem sacrificar os programas sociais.
Sob o governo Dilma, sob o governo Lula não se combate inflação promovendo recessão”, afirmou o presidente do PT.
Eleições 2012
A preparação para as eleições municipais de 2012 também foi debatida pelos petistas.
Uma comissão será criada para fazer um levantamento sobre a situação política e eleitoral da legenda nos estados e identificar entraves.
De acordo com o presidente do PT, o resultado deste trabalho vai definir as táticas a serem adotadas e alianças que serão priorizadas nas próximas eleições.
O presidente da legenda voltou a falar sobre o retorno do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que teve o refiliação aprovada nesta sexta pela maioria da Executiva Nacional da legenda.
“Não é anistia.
Os erros estão lá, existiram.
Apenas o diretório entendeu que não tem mais por que puni-lo”, afirmou Falcão.
''Não é anistia.
Os erros estão lá, existiram.
Apenas o diretório entendeu que não tem mais por que puni-lo"
Rui Falcão, presidente do PT, sobre a refiliação do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares
Questionado sobre a possibilidade de Delúbio Soares se candidatar em 2012, o presidente do PT desconversou.
“Ele tem condições partidárias e direitos políticos plenos como cidadão para se candidatar.
Isso teria que ser perguntado para ele”, disse.
Delúbio Soares foi expulso do PT em 2005 por causa do suposto envolvimento no escândalo do mensalão.
Ele é um dos 38 réus do processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Revelado há pouco mais de cinco anos, o esquema, segundo a denúncia do Ministério Público, incluía desvio de recursos públicos para compra de apoio político no Congresso.
Reforma Política
O Diretório Nacional do PT aprovou ainda uma resolução específica sobre a reforma política.
A legenda quer dar prioridade à defesa do voto direto proporcional, financiamento público de campanha e das listas fechadas.
“O financiamento público é algo que não resolve tudo, mas ele inibe seguramente a corrupção eleitoral”, afirmou o presidente do PT.
Falcão disse ainda acreditar que as propostas de reforma política, defendidas pelo PT, tenham chances de serem aprovadas pelo Congresso.
“Vejo possibilidade porque há um eco na sociedade por essas propostas.
A sociedade espera e o PT se considera um dos responsáveis por essa mudança”, afirmou.
Fonte:G1